RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
Os falsos contratos firmados entre a empresa Avançar Tecnologia em Software Ltda. e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), no valor de R$ 10 milhões, que foram objeto chave para que a Polícia Civil deflagrasse a Operação Quadro Negro, na manhã desta terça-feira (22), foram citados por Silval Barbosa e Pedro Nadaf em depoimento à Controladoria Geral do Estado, em maio do ano passado.
Conforme decisão da juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 7ª Vara Criminal da Capital – que teve trecho publicado pelo site MídiaNews – o contrato foi feito exclusivamente como forma do ex-governador quitar dívida de campanha com o empresário Valdir Piran.
Piran foi um dos seis alvos de mandados de prisão nesta terça-feira, assim como o representante da empresa Avançar, Weydson Soares Fonteles.
“Em coletiva de imprensa, o delegado Bruno Barcelos, do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA), disse que a empresa Avançar repassava dinheiro diretamente a Piran por meio de transferências bancárias para pessoas ligadas a ele e que Weydson era uma espécie de “testa de ferro” de Piran.
“O recurso que ia para a Avançar era destinado para o Piran, posteriormente, por meio de depósitos de pessoas ligadas a ele como irmão, funcionários e etc. Weydson é responsável pela Avançar, uma espécie de ‘testa de ferro’ do Piran”, disse Barcelos.
Conforme trecho da delação de Silval, citado pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, foi o próprio Piran quem indicou Weydson ao Governo para que o contrato fosse firmado.
“Acertaram sobre a contratação da empresa, tendo na ocasião o empresário WEYDSON acordado em repassar o valor correspondente a 50% do valor do contrato, ou seja, de aproximadamente R$ 5 milhões. Devendo assim realizar a devolução de R$ 2,5 milhões; que o interrogado concordou na contratação da empresa, autorizando Pedro Nadaf a operacionalizar a contratação a fim de materializar esse retorno financeiro e com esse retorno pagar parte da dívida que o interrogado mantinha com Valdir Piran (dinheiro esse que Valdir Piran sabia se tratar de 'propina', eis que foi o próprio Piran quem indicou o empresário para a contratação junto ao governo do interrogado”, consta em trecho da decisão da juíza.
Quanto à relação de que os valores eram referentes a dívidas de campanha, o delegado Anderson Cruz Veiga titular da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz) ponderou afirmando se tratar de investigações diferentes.
“Como há um termo de colaboração anterior, essa situação jurídica ainda tem que ser melhor analisada”.
Alvos
Além de Piran e Weydson, fora alvos da Operação Quadro Negro Djalma Souza Soares, Francisvaldo Pereira de Assunção, Edevamilton de Lima Oliveira e Wilson Teixeira, o Dentinho.