RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
Investigação da Polícia Civil aponta que o ex-secretário de Estado de Segurança Pública, delegado Rogers Elizandro Jarbas, foi nomeado no cargo exclusivamente para proteger e defender os interesses da suposta organização criminosa responsável pelas escutas telefônicas clandestinas, esquema que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.
As informações constam na representação de prisão de Jarbas feita pela força-tarefa da Polícia Civil, chefiada pelas delegadas Ana Cristina Feldner e Jannira Laranjeira. O investigado não foi preso, entretanto, usará tornozeleira eletrônica por determinação do juiz Jorge Luiz Tadeu, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
De acordo com a representação, Jarbas praticou dezenas de atos (todos listados na denúncia), com único objetivo de obstruir investigações relacionadas à Grampolândia Pantaneira.
Inicialmente a denúncia foi feita pelo então secretário de Segurança, promotor Mauro Zaque e vinculada no programa Fantástico, da TV Globo. Zaque deixou a secretaria “por não aceitar fazer parte da organização criminosa”.
“A organização criminosa teria percebido que para a manutenção da mesma e preservação de seus integrantes, ter um Secretário de Estado de Segurança Pública que gozasse da confiança da ORCRIM tornou-se prioridade. Assim, por um breve espaço de tempo, cerca de três meses, o cargo foi ocupado pelo então promotor Fábio Galindo, que participou do secretariado de Mauro Zaque. Porém, na sequência, houve a nomeação de Rogers Jarbas, com o nítido intuito de proteger a organização criminosa, fechando o flanco que havia”, conta na denúncia.
Jarbas foi secretário do ex-governador Pedro Taques (PSDB), que é apontado como “dono” do escritório clandestino montado em Cuiabá com objetivo de obter vantagem política ao monitorar opositores, jornalistas, advogados e empresários. As escutas teriam dado vantagem para Taques, que venceu as eleições em 2014.