RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO
O documento de suposta proposta de delação, do ex-deputado estadual José Riva, ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), aponta um esquema combinado junto ao ex-governador (falecido) Dante de Oliveira que, segundo o ex-deputado, teria repassado valores a mais ao orçamento da Assembleia Legislativa para quitar dívidas feitas pelos deputados, com o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro e outras empresas de factoring, no montante de aproximadamente R$ 25 milhões.
Segundo Riva, Dante atendeu ao pedido dele, que na época era presidente da Assembleia, devido ao interesse em ter o então deputado Humberto Bosaipo, que seria primeiro secretário do Legislativo, como aliado político.
“Ato contínuo, tendo em vista o interesse do Governador reeleito em ter Humberto Bosaipo como aliado político, restou firmado o compromisso em repassar os valores pleiteados pela Mesa Diretora da ALMT, o que foi de fato viabilizado pela equipe econômica do governo estadual, sob a condição do Dep. Humberto Bosaipo anuir com os principais projetos do Governo”, diz trecho da suposta proposta de delação.
Conforme o documento, a proposta teria sido feita por Bosaipo que teria dito: “Presidente, encontrei uma forma de liquidar as contas com o Sr. Arcanjo e outras factorings, sendo que eles mesmos ficarão responsáveis em constituir empresas que, além de dar suporte para esses pagamentos, ainda fornecerão uma quantidade mínima de materiais para a ALMT”.
Riva teria realizado em conjunto de Bosaipo uma reunião com o então governador Dante de Oliveira, para assegurar recursos para pagamento das dívidas contraídas junto ao João Arcanjo e outra empresas de factorings, além do recurso necessário para funcionamento da Assembleia.
"Sendo assim, o acordo fechado consistia na liberação, por parte do Governador Dante de Oliveira, além do orçamento já aprovado, de mais R$ XXXXXX (XXXXXXX), sendo que R$ XXXX (XXXXX) foram destinados somente para o pagamento da dívida pertencente ao Sr. João Arcanjo Ribeiro, oportunidade na qual foram emitidas XXX (XXXXX) notas promissórias no valor de R$ XXXXXX (XXXXX) cada uma, para pagamento em XXXX (XXXX) meses, tendo o Sr. Guilherme Garcia confirmado à época ao Colaborador que o Sr. XXXX havia confirmado com ele o recebimento do ofício da SEFAZ, comprometendo-se em fazer o repasse extra de R$XXXXXX reais mensais para saldar as NPs emitidas", destaca tercho do documento.
De acordo com o documento, Arcanjo era detentor de 70% da dívida da Assembleia Legislativa e nunca teria devolvido as promissórias pagas.
A suposta proposta de delação também aponta a criação de uma série de empresas fantasma para pagar as dívidas da Assembleia com a factoring de Arcanjo.
"Empresas constituídas em nome de interpostas pessoas e até mesmo de indivíduos já falecidos que deram suporte aos pagamentos efetuados ao Sr. João Arcanjo Ribeiro e outros credores, além de servir para fazer novos empréstimos”.
Ele comenta que foram criadas inúmeras empresas por pessoas ligadas a Bosaipo que estariam atuando por determinação de João Arcanjo, Nilson Roberto e Nivaldo de Araújo “com conhecimento inequívoco e participação efetiva dos Srs. Guilherme Garcia e Luiz Eugenio de Godoy que levavam os cheques já preenchidos para a assinatura da mesa diretora”.