07 de Junho de 2024, 08h:54 - A | A

Poderes / TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

Vereadores "aguardam informações oficiais" e freiam pedidos contra parlamentar suspeito de envolvimento com CV

Paulo Henrique foi um dos alvos da operação que apura esquema de lavagem de dinheiro da facção por meio de casas noturnas.

DO CONEXÃO PODER



Nenhum dos vereadores da Câmara de Cuiabá teve alguma iniciativa concreta quanto ao caso do vereador Paulo Henrique (MDB), alvo de uma operação policial na quarta-feira (05) por suposto envolvimento com o Comando Vermelho, facção que aterroriza Mato Grosso.

O parlamentar, que é servidor de carreira da Secretaria de Ordem Pública, era responsável por fazer a fiscalização ambiental para liberar shows e eventos organizados pelo Comando Vermelho em Cuiabá. Ele teria utilizado de sua influência para facilitar a vida dos produtores culturais ligados aos bandidos, responsáveis por promover festinhas em casas noturnas e assim lavar o dinheiro do crime. Dois dos alvos da operação estavam lotados no gabinete Paulo Henrique e foram imediatamente exonerados após serem presos.

Na sessão plenária desta quinta-feira (06), contudo, nenhum pedido oficial de investigação ou comissão processante foi protocolado. 

 

 Segundo o presidente da Mesa Diretora, Chico 2000 (PL), qualquer iniciativa nesse sentido depende de uma provocação que será levada à Comissão de Ética. Os desdobramentos, até agora, ficam em discursos em que os vereadores prometem cobrar explicações sobre o caso. 

 

 "Nós precisamos aguardar a oficialização de tudo isso aí. Já conversei com o procurador e pedi a ele que nos traga situações oficiais", informou Chico à imprensa nesta quinta. "Investigação somente mediante provocação e se ocorrer o procedimento será igual a todos os que ocorreram nesta Casa", prometeu.

A Comissão de Ética não pode agir de ofício e deve ser provocada tanto por vereadores quanto por quaisquer cidadãos cuiabanos, com situação eleitoral regular.

"Há um procedimento diferente em relação ao vereador Paulo Henrique. Ele foi alvo de uma busca e apreensão. Existem diversas matérias. Mas nós não podemos pegar elementos de um site ou mídia e agir em cima dessas informações. Estamos aguardando a oficialização disso", finaliza Chico 2000, garantindo que não vai aguardar a conclusão do inquérito.

O presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Legislativo municipal, vereador Rodrigo Arruda e Sá, reforçou a declaração de Chico 2000 de que nenhuma denúncia contra o vereador foi oficializada e que é necessária uma "provocação" para que uma investigação seja instalada na Casa de Leis. 

"A Casa ainda não foi notificada de nenhum ato, nem da Justiça e nem de ninguém. Por enquanto o que a gente sabe é informação de mídia, nada documental e nem oficializado que comprove algum ato de improbidade contra o vereador Paulo Henrique. Precisamos esperar se essas cautelares vão virar denuncia e processo futuramente. A gente só pode abrir um processo na Casa quando é provocado, ou de algum vereador ou popular que se sentiu lezado. Mas no caso do Paulo Henrique ainda não tem nada", declarou.

A vereadora Michelly Alencar disse que pensa em representar o vereador e a vereadora Maysa Leão entende que ele deve se afastar por conta própria.

Operação Ragnatela

Oito pessoas foram alvos de mandados de prisão e 36 de busca e apreensão no âmbito da operação policial. A investigação identificou que criminosos teriam adquirido uma casa noturna em Cuiabá, pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas. A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeado pela facção, em conjunto com um grupo de promotores de eventos.

Em continuidade à investigação, os policiais identificaram um esquema para introduzir celulares dentro de unidade prisional e transferências de lideranças da facção para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.

Durante as investigações também foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. A Ficco apurou ainda que o parlamentar municipal Paulo Henrique atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

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