JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTERMT
Uma mulher que foi presa pela Polícia Federal, por participar dos atos de 8 de Janeiro, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, afirmou em depoimento que a deputada federal por Mato Grosso, Coronel Fernanda (PL), e outros dois candidatos a deputado do Estado foram responsáveis pela organização de uma caravana que saiu de Mato Grosso com destino à Capital Federal, às vésperas da manifestação.
A informação foi dada nesta quinta-feira (16) pela coluna do jornalista Aguirre Talento, do Uol. A Coronel Fernanda e os outros dois citados na reportagem negaram, ao RepórterMT, qualquer participação na organização das caravanas para a manifestação.
Gizela Cristina Bohrer, 60 anos, é aposentada e mora em Barra do Garças (509 km de Cuiabá). Em depoimento, conforme a coluna, ela relatou que chegou em Brasília no sábado, um dia antes dos atos. A mulher contou que embarcou em um ônibus gratuito e que a caravana foi organizada por Coronel Fernanda, eleita ao seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados nas últimas eleições.
A caravana, segundo Gizela, também teria sido organizada pela candidata a deputada federal, Analady Carneiro da Silva (PTB-MT), que não se elegeu, e pelo candidato a deputado estadual, Rafael Yonekubo (PTB-MT), que ficou como suplente.
"Os três coordenam grupos de WhatsApp e organizam caravanas para Brasília já há dois anos; que tais caravanas tinham por objetivo o apoio ao então Presidente Bolsonaro, tais como fizeram por ocasião dos desfiles de 7 de setembro e 15 de novembro de 2021 e 2022", contou à PF. "Todo mundo que vem nesses ônibus vem de graça e recebe todas as refeições de graça", afirmou em depoimento.
Além de citar os nomes deles, Gizela apresentou em seu depoimento os números de telefones dos três, que ainda são usados por eles. Ao ser detida, a depoente teve seu celular apreendido e forneceu a senha aos investigadores, para permitir o aprofundamento das investigações.
Gizela admitiu à PF que entrou nas instalações do Congresso Nacional durante o ato do dia 8 de janeiro, mas afirmou que "não aprova invasões". "Entrou no Congresso pois estava chocada e queria filmar o que tinha ocorrido", afirmou. Questionada sobre os responsáveis pela depredação, ela apenas afirmou que "acredita que quem fez o 'quebra-quebra' foram bandidos infiltrados".
Outro lado
O RepórterMT entrou em contato com os três citados pela mulher. Coronel Fernanda e Rafael Yonekubo responderam à reportagem e negaram qualquer envolvimento no caso. Analady Carneiro da Silva não respondeu às tentativas de contato.
Por meio de nota, Coronel Fernanda afirmou que a informação não procede. “A deputada federal Coronel Fernanda, esclarece que não tem participação, de qualquer natureza, no ato de 8 de janeiro, em Brasília. Inclusive, estava em Mato Grosso na data em que houve a movimentação”, disse.
Rafael Yonekubo também afirmou que a informação não procede e que a denúncia é “sem fundamentos”. Ele, inclusive, destaca que se casou um dia antes dos atos. “Após a Visita da PF em minha residência, tive minhas contas bloqueadas e tomei a decisão de me afastar do Ativismo Político e passei a me dedicar somente ao meu trabalho e minha família, visto que eu já tinha meu casamento marcado para o dia 7 de janeiro”, salientou.