APARECIDO DO CARMO
DO CONEXÃO PODER
Ao fazer a defesa do relatório pela intervenção na saúde pública de Cuiabá na tarde desta quinta-feira (09), o desembargador Orlando Perri, destacou que os magistrados não conhecem a realidade vivenciada por quem precisa acessar a saúde pública de Cuiabá, pois eles não utilizam o Sistema Único de Saúde.
“Nós julgadores, desembargadores e juízes, por graça de Deus não precisamos frequentar as UPAs, policlínicas e os hospitais municipais. Nós, magistrado, quando temos problema procuramos hospitais como o Sírio Libanês e o Albert Einstein. Não conhecemos as agruras do povo cuiabano que está morrendo como baratas. Com todo respeito, em situações como essas, não podemos apegar em filogramas jurídicos”, defendeu durante a sessão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que determinou a retomada da intervenção do Governo do Estado na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá.
Perri fez a defesa do relatório, após os desembargadores Juvenal Pereira e Rubens de Oliveira se manifestarem contrários a intervenção, alegando que não haveria respaldo constitucional para a medida.
O desembargador Orlando Perri ressaltou que a situação na gestão da saúde de Cuiabá atingiu uma situação caótica e que as operações policiais na saúde, cada vez mais comuns, mostram os infortúnios que a população vem passando.
“Quando pessoas estão morrendo, estão tendo braços e pernas amputados, crianças não podendo ser internadas em UTI porque foram fechados, medicamento jogados fora porque venceram a validade, quando faltam médicos, a intervenção é a única medida adequada e necessária para sanar esse grave problema que assola a população cuiabana”
Perri também destacou que o Gabinete de Intervenção enviou para o gabinete dele, 27 ofícios de médicos implorando por medicamentos para Unidades de Terapia Intensiva, sob pena de os pacientes morrerem. Além disso comentou sobre as inspeções do Conselho Regional de Medicina (CRM) e do Conselho Regional de Farmácia (CRF), que atestaram a falta de médicos nas UPAS e que foram encontrados 9,5 milhões de remédios e insumos vencidos, os mesmos que faltavam nos hospitais.
“Que outras medidas poderão ser tomadas? Que outras medidas a não ser a intervenção?”, questionou. “Nós não temos mais tempo. O povo está morrendo, morrendo!”
O relatório do desembargador Orlando Perri foi acompanhado, além do voto dele, por mais 8 desembargadores, somando 9 votos pela intervenção. Apenas quatro foram contrários.
Confira como votou cada desembargador abaixo:
Orlando de Almeida Perri – favorável a intervenção
Rubens de Oliveira Santos Filho – contra a invervenção
Paulo da Cunha – favorável a intervenção
Juvenal Pereira da Silva – contra a intervenção
Márcio Vidal – favorável a intervenção
Rui Ramos – favorável a intervenção
Guiomar Teodoro Borges – favorável à intervenção.
Carlos Alberto da Rocha – favorável a intervenção
Clarice Claudino – favorável a intervenção
Maria Erotides Kneip – favorável a intervenção
João Ferreira Filho – contra a intervenção
Serly Marcondes Alves – favorável a intervenção
Antonia Siqueira Gonçalves – contra a intervenção