APARECIDO DO CARMO
DO CONEXÃO PODER
Em conversa com jornalistas após a prisão do ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, nesta quinta-feira (09), a vereadora Michelly Alencar (União) ressaltou que, se não fosse pela intervenção do Governo do Estado na saúde pública da Capital, o esquema de compra de medicamentos que nunca foram entregues para a Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), jamais teria sido descoberto.
Como mostrou mais cedo o RepórterMT, a Operação Hypnos deflagrada na manhã de hoje foi resultado de uma denúncia do gabinete do ex-interventor do Governo do Estado na saúde de Cuiabá, Hugo Felipe Lima. Os alvos, entre eles o antigo secretário de Saúde da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), integravam um esquema que desviou mais de R$ 1 milhão da Empresa Cuiabana de Saúde Pública.
“Se não fosse a intervenção ter feito essa vasculha em todos os documentos, computadores, não teria acesso a essas notas e nós nunca ficaríamos sabendo que mais de um milhão de reais foi retirado da saúde de Cuiabá por meio dessas notas frias. Então a intervenção foi fundamental”, comentou.
A vereadora destacou que essas informações não estão disponíveis nem no Portal Transparência, uma vez que as notas eram frias e não havia registros de saída do dinheiro do caixa da secretaria. A parlamentar ainda criticou o fato de vereadores da base do prefeito trabalharem por uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar supostas irregularidades cometidas durante o período em que o Governo do Estado foi o responsável pela gestão dos recursos da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá.
"Então aí você tem uma CPI que quer questionar o processo de intervenção e esquece porque a intervenção foi escalada. Isso não pode acontecer, a saúde ela precisa pelo amor de Deus ser tratada com responsabilidade", acrescentou.
Michelly lembrou que as pessoas mais atingidas pela crise na saúde são os mais pobres, que não tem condições de acessar os serviços de organizações privadas.
“Parece que as pessoas esquecem que, quando a gente fala de caos na saúde, a gente não está só falando de corrupção, de uma administração que não tem responsabilidade com recursos públicos. A gente está falando das pessoas que estão indo lá no postinho, que estão indo na UPA, na Policlínica, que estão voltando para casa e tendo a situação agravada”, disse.
A intervenção na Saúde de Cuiabá durou sete dias. Foi autorizada pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), no dia 28 de dezembro. Dias depois, em 6 de janeiro, a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Maria Thereza de Assis Moura, suspendeu a intervenção até julgamento do caso pelo Órgão Especial do TJMT. Ainda não há data para que esse julgamento ocorra.