EUZIANY TEODORO
DO REPÓRTER MT
O promotor de Justiça Mauro Zaque conversou com o Repórter MT sobre a nova acusação que recebe do ex-governador Pedro Taques, dessa vez sobre prevaricação no esquema de escutas telefônicas ilegais, que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.
De acordo com Taques, em petição onde pede investigação contra Mauro Zaque, assinada em 18 de setembro deste ano, o promotor teria prevaricado (deixado de agir) quando soube do esquema, por mais de 1 ano e 4 meses.
Taques acaba de ser indiciado pela Polícia Civil, justamente por denunciação caluniosa contra Mauro Zaque, por suposta fraude em protocolo de documento público. O promotor, que na época dos fatos era secretário de Segurança Pública, apresentou número do protocolo com a denúncia sobre o caso. Posteriormente, ficou comprovado que houve fraude dentro da própria estrutura do Estado.
“Quem está indiciado pela polícia é ele. Quem tem que se explicar é ele. Eu estou na condição de denunciante e não preciso me preocupar com as acusações que ele fizer”, disse o promotor, em entrevista ao Repórter MT.
Zaque afirma que denunciou o caso sem pensar politicamente, mas sim pelas pessoas que foram grampeadas ilegalmente, tendo a privacidade invadida e direitos desrespeitados.
“O que eu fiz foi denunciar e está nas mãos da Justiça. E não é por mim, é por quem foi desrespeitado. Uma pessoa que grampeia outra, não quer saber o que você está falando sobre ele. Ele quer saber da sua intimidade e usar isso contra você. Eu não podia admitir isso. Grampear ilegalmente é um ato de covardia”, disse.
Grampolândia Pantaneira
Conforme denúcia e confissão de militares, um escritório de escutas clandestinas foi montado em Cuiabá, a mando do ex-governador Pedro Taques. O objetivo inicial seria obter vantagem nas eleições para o Governo do Estado no ano de 2014.
Taques venceu o pleito e nomeou o coronel Zaqueu Barbosa para o comando geral da PM. Zaqueu seria o 'testa de ferro' do escritório e teria colocado policiais militares para operar o esquema.
O problema aumentou quando o escritório passou a fazer interceptações com outras intenções. Centenas de pessoas tiveram a intimidade violada, como advogados, políticos, jornalistas e até a amante do então chefe da Casa Civil, Paulo Taques.
As investigações também levaram à prisão de oficiais de alta patente da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso e apontaram um grandioso esquema de escutas ilegais, que teria interceptado mais de 800 conversas.
Conforme apurado, os telefones foram grampeados com autorização da Justiça por meio de uma técnica denominada “barriga de aluguel”, que é quando não investigados são inclusos em uma lista de pedidos de interceptação autorizada por magistrados.
Investigações seguem em andamento na Polícia Civil e processos, que tratam do caso, também tramitam tanto na Justiça Militar, quanto na comum. Processos administrativos também são apurados no âmbito da corregedoria da Polícia Militar.