APARECIDO CARMO
DO CONEXÃO PODER
O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro pediu o indiciamento de 61 pessoas. Destes, 4 são de Mato Grosso: Antônio Galvan (sojicultor em Sinop, presidente da Aprosoja Brasil); Humberto Falcão (sojicultor em Primavera do Leste e proprietário de empresa de sementes); Lucas Costa Beber (sojicultor em Nova Mutum e vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso); e Alan Diego dos Santos Rodrigues (preso em Brasília por estar envolvido na instalação de uma bomba em um caminhã-tanque nas redondezas do aeroporto de Brasília).
Todos eles são acusados de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de Golpe de Estado.
Em conversa com o RepórterMT, Antonio Galvan (PTB), que em 2022 chegou a se candidatar ao Senado, disse que vem sendo perseguido “não é de hoje” e que vai aguardar o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto ao caso. Isso porque uma Comissão Parlamentar não tem competência para indiciar quem quer que seja, mas apenas apontar ao Ministério Público a responsabilização cível e criminal de alguém.
"Não é porque eles indiciaram que já acabou, ainda vai para a PGR. Deixa a PGR analisar e ver os fatos. Nós temos que aguardar", disse. “Ainda não devo nada, não fiz nada, por que não vou haver de estar tranquilo?”, acrescentou.
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL-RJ) também foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado. O documento, assinado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), possui 1.333 páginas e, conforme a parlamentar, são sustentados por documentos e pelas oitivas realizadas.
“Os golpes modernos — à esquerda e à direita — não usam tanques, cabos e soldados. Começam por uma guerra híbrida, psicológica, à base de mentiras, de campanhas difamatórias, da propaganda subliminar, da disseminação do medo, da fabricação do ódio. É tanta repetição, repetição, repetição, potencializada pelas redes sociais, pelo ecossistema digital, que muitos perdem o parâmetro da realidade”, diz trecho do relatório.
“O nosso compromisso, portanto, é com a memória. E com a verdade. Não com narrativas interesseiras e falsificadas. Por isso, valemo-nos de todos os elementos de prova que tínhamos à disposição: as oitivas, os documentos oficiais recebidos pela Comissão, os registros das redes sociais, os fatos de ampla circulação nos principais jornais do País”, acrescentou.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), concedeu vista coletiva até amanhã de manhã, quando deve ocorrer a votação do parecer. Outros parlamentares, notadamente os de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vão apresentar relatórios paralelos denunciando omissão do Executivo Federal no dia do ataque, ilegalidades nas prisões e defender o Bolsonaro da acusação de Golpe de Estado.