RAFAEL COSTA
DAFFINY DELGADO
Investigado pela Polícia Federal por suspeita de favorecimentos em contratos com a Prefeitura de Cuiabá, o empresário Antônio Fernando Ribeiro depositou R$ 176 mil numa conta bancária de Carine Luckmann, esposa do secretário municipal de Limpeza Urbana, Júnior Leite. A informação consta no inquérito que investiga a relação da empresa Log Lab Inteligência Digital e a Prefeitura de Cuiabá. São apurados suspeitas de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraude ao caráter competitivo de licitação. (Veja documento abaixo)
A investigação é relacionada à Operação Iterum, deflagrada no dia 4 de outubro, que apura irregularidades na execução de contrato de serviços de tecnologia mantidos pela Prefeitura de Cuiabá no período de 2017 a 2022. A Log Lab Inteligência Digital é suspeita de envolvimento em um desvio que pode chegar a R$ 13 milhões. No período de 2017 a 2021, a Log Lab recebeu da Prefeitura de Cuiabá o total de R$ 48,475 milhões. Desta quantia, R$ 16,965 são de recursos federais.
De acordo com a Polícia Federal, os depósitos para a conta de Carine Luckmann figuram no rol de transações suspeitas que aparentam indícios de lavagem de dinheiro. As transferências foram feitas entre janeiro de 2018 e junho de 2020.
“A Log Lab Inteligência Digital enviou valores para pessoas próximas de servidores públicos municipais, emitiu cheques fracionados em valores próximos a R$ 50 mil, assim como realizou transações imobiliárias suspeitas”, diz a investigação da PF.
O COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou diversas movimentações de dinheiro feitos pela Log Lab Inteligência Digital, por meio de valores fracionados, e transferências de valores para empresas de diversos segmentos, aparentemente inativas. A suspeita é que a empresa transferiu parte do dinheiro recebido pela Prefeitura de Cuiabá a um conjunto de empresas fantasmas.
“Segundo dados de Relatórios de Inteligência Financeira, há grande movimentação de recursos em espécie pela empresa Log Lab, principalmente em forma de saques pelo sócio Antônio Fernando. Além disso, há expressivo repasse de recursos da Log Lab para empresas desconexas com a área de atuação e algumas outras, como é o caso da empresa Global Genesis, possivelmente são empresas de fachada, podendo sinalizar um esquema de tentativa de ocultar o real destino final do dinheiro”, diz um dos trechos do inquérito.
Montagem Repórter MT
Outro lado
Por meio de nota, o secretário da Limpurb, Júnior Leite, informou que não era servidor público na época dos contratos e enfatizou que os pagamentos recebidos pela empresa de Carine Luckmann fazem parte "de um relacionamento normal de negócios entre empresas privadas".