CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O analista político Vinícius de Carvalho acredita que os vereadores de oposição devem ganhar um espaço importante para se viabilizarem para as eleições de 2022, se conseguirem aprovar uma Comissão Processante contra o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na Câmara de Cuiabá.
A possibilidade de instauração do procedimento foi levantada após o afastamento de Emanuel no dia 19 de outubro, alvo da Operação Capistrum por descumprimento de decisões judiciais sobre contratações ilegais e pagamento de prêmio saúde na Secretaria Municipal.
Carvalho destacou que, na Câmara, a oposição é minoria, mas, ainda assim, pode ganhar muita visibilidade com um processo de cassação de mandato do prefeito. O analista chegou a comparar com a CPI da Covid, movida no Senado, onde a oposição também é pequena.
“Vai dar palco e a oposição vai crescer, porque a mídia vai cobrir. A grande mídia vai focar na Comissão Processante, vai acompanhar como a CPI da Covid em nível federal. São poucos senadores de oposição mesmo, mas eles se destacam, crescem com a CPI da Covid", comentou o analista.
Essa Comissão Processante vai ser outra CPI da Covid, dando espaço para a oposição. Os vereadores de oposição teriam uma participação pequena, mas todos são candidatos a deputado estadual ano que vem
"Essa Comissão Processante vai ser outra CPI da Covid, dando espaço para a oposição. Os vereadores de oposição teriam uma participação pequena, mas todos são candidatos a deputado estadual ano que vem”, completou.
Carvalho também ponderou que, apesar da Comissão Processante ser um espaço em que será oportunizada defesa ao prefeito, a viabilidade do procedimento é considerado um “pré-impeachment”, ou seja, dando como provável a cassação do mandato de prefeito. Isso porque, inicialmente, para que seja instaurada a Comissão, são necessários 17 votos. E justamente em razão da quantidade elevada de votos, o analista não crê que a proposta seja aprovada na Câmara.
“A oposição vai pressionar. Até porque, no caso do paletó, a Câmara argumentava que não podia fazer nada porque não era um fato que aconteceu no mandato de prefeito, foi quando era deputado estadual, e agora pode. Mas a base é de 20 vereadores, então eu não acho provável que a Comissão Processante passe, porque quando abre um processo de cassação, ganha vida própria e a chance de cassar é muito grande”, disse.
Na Câmara, o pedido de abertura da Comissão foi protocolado no dia 21 de outubro. Ele foi lido na manhã dessa terça-feira (26), quando os vereadores decidiram colocá-lo para votação na próxima quinta-feira (28).
Um dos líderes do “movimento”, o vereador Diego Guimarães (Cidadania), que faz oposição a Emanuel desde a gestão passada, já avaliou uma dificuldade para aprovação da instalação da Comissão. Segundo ele, os vereadores estariam com receio de romperem com Emanuel nesta fase da operação.