JOÃO AGUIAR
DO CONEXÃO PODER
O deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de Janeiro, determinou investigação contra o mato-grossense Abílio Brunini (PL), por suposta transfobia contra Erika Hilton (PSOL-SP), durante depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na manhã desta terça-feira (11).
Abilio é acostumado e estar envolvido em confusões e tumultos na Câmara Federal. Mais cedo, ele já tinha sido repreendido pelo presidente da comissão por filmar e debochar de colegas na CPI. Arthur Maia disse que proibiria que integrantes da comissão gravassem os colegas.
A nova confusão começou durante o pronunciamento de Erika Hilton, que é uma mulher transgênero. A parlamentar disse que Abilio precisava "tratar sua carência em outro espaço", pois o Congresso é um espaço "sério". A parlamentar prosseguiu sua fala, mas foi interrompida pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que denunciou a fala "homofóbica" de Abilio.
"O seu Abílio foi homofóbico. Fez uma fala homofóbica. Quando a companheira estava se manifestando, ele acusou e disse que ela estava 'oferecendo serviços'. Isso é homofobia, é um desrespeito. Peço à vossa excelência que o senhor peça para o deputado se retirar do plenário", disse o parlamentar.
Em seguida, outros parlamentares, como a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), confirmaram a versão do senador. Abílio e os aliados negaram. O presidente Arthur Maia se pronunciou logo depois e avisou que iria abrir uma investigação sobre o caso. “Eu não ouvi, mas outros deputados disseram que ouviram. O deputado Abílio disse que não falou. A nossa decisão é a seguinte: nós vamos fazer uma investigação, vendo as filmagens. Se vossa excelência falou, vai ter a leitura labial e vai ser fácil que isso seja identificado. Se vossa excelência de fato agir dessa forma, vai ter uma penalidade contra o senhor”, decidiu Maia.
"Eu solicito à secretaria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que envie para a Polícia Legislativa a cópia dessa filmagem para que se faça uma apuração", completou.
Deputado é chamado de “carente”
Durante sua fala, a deputada Erika Hilton acabou interrompida por Abilio e o chamou de “carente”. "Todas as sessões o deputado parece querer chamar a nossa atenção. Isso me parece um comportamento baseado na psicanálise", afirmou.
"Quando eu disse sobre carência é baseado no comportamento de querer o tempo inteiro chamar a atenção. Eu poderia até aconselhá-lo a adotar um cachorrinho, para não se sentir tão só. O comportamento não condiz com a posição dessa CPMI", disse Erika.
"Não aceitaria e não tolerarei ser desrespeitada, interrompida ou colocada em comparações de baixo calão ou baixo nível. Trato todos os colegas com respeito e diplomacia e assim o exijo. Aqueles que fingirem dessa diplomacia terão que responder criminalmente por qualquer tentativa estereotipada ou criminosa da minha identidade."
Já Abilio Brunini disse que quer uma investigação "célere". "A polícia poderá investigar o que foi. Não tem ataque meu à Erika", afirmou. "Uma narrativa elaborada. Não tenho interesse algum em destratar qualquer pessoa aqui por questão de gênero."