APARECIDO CARMO
DO CONEXÃO PODER
A pedido do RepórterMT, o analista político Onofre Ribeiro falou sobre a decisão do novo Governo Federal de suspender os processos de privatização de oito empresas, entre elas Banco do Brasil, a Petrobrás, os Correios e outras cinco companhias públicas. Para Onofre, a medida é um “erro absurdo”. Segundo o analista, o modelo de Estado controlador que domina o mercado por meio das estatais já está ultrapassado.
“É um modelo de estado ineficiente, corrupto e inchado. É uma coisa que precisaria ter uma longa revisão. E não é só no Brasil, se você olhar o mundo inteiro está com problema. Esse modelo de estado está vencido. É preciso uma revisão de mercado. E não é o Estado quem vai ser o gestor dele próprio, porque ele já provou sua ineficiência”, avalia.
A decisão, uma das primeiras da nova gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi anunciada nessa segunda-feira (02).
Segundo essa mesma visão, um Estado "pesado e burocrático" não tem a eficiência e agilidade que o mercado do petróleo demanda, por exemplo. Além disso, destacou o analista, nesse modelo de gestão pública, defendido pelos partidos de esquerda, há espaço para "barganhas políticas pouco republicanas".
“Eles (partidos de esquerda) se tornam corruptos na medida em que, para gerir essas empresas, precisam ter uma profunda ingerência dos partidos e dos políticos aliados. Então essa barganha gera corrupção, porque ela não trabalha com o mérito, trabalha com interesse de poder. E depois a condução fica uma condução político-partidária e a condução político-partidária implica em negociações de todas as naturezas. Traduzindo: voltamos à corrupção do primeiro ciclo do PT”, disse.
Para Onofre, a decisão é um retrocesso, que vai trazer consequências negativas para a imagem do país entre os investidores estrangeiros, que esperam cada vez menos intervenção estatal no mercado.
“Eu acho um retrocesso fora do comum a retirada dessas empresas do campo das privatizações. Retrocesso absoluto. Vai ter reflexo no mercado e a imagem do Brasil lá fora fica muito ruim porque o mercado mundial de investimentos considera a ineficiência do Estado. Se em setores estratégicos o estado mão tem eficiência, também não dá confiabilidade para investimentos externos”, concluiu.