03 de Janeiro de 2022, 08h:42 - A | A

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Analista: Inflação vai ditar rumo das eleições; ninguém quer ouvir discurso

População despreza discurso político e se preocupa com impacto no bolso, avalia analista político

CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO



Inflação alta, preço do combustível subindo e o desemprego aumentando. Na avaliação do jornalista e analista político Onofre Ribeiro, o cenário econômico enfrentado atualmente - e que tende a piorar em 2022 - é que vai ditar o rumo das eleições. Em sua visão, isso pode até mesmo fazer com que o presidente Jair Bolsonaro (PL) recue de uma eventual disputa à reeleição.

“A gasolina está a quase R$ 7, não dá mais para pegar Uber porque eles não conseguem abastecer, o desemprego está aumentando, a inflação subindo, então, o ambiente que está chegando é um ambiente ruim. As pessoas não querem mais ouvir discurso político, elas querem saber quanto é que vai custar o gás”, avalia.

“No ano que vem, pela primeira vez na história, a eleição vai ser pautada em cima de temas econômicos, e quem tiver a melhor proposta no campo econômico, a mais coerente, sensata, viável e que a população entenda é que vai ganhar a eleição”, continua.

Onofre observa que a política e a conjuntura internacional têm apresentado um rumo incerto, impactando diretamente no cenário brasileiro. O comentário se dá em razão de diversas políticas econômicas estarem atreladas ao mercado internacional, como a questão dos preços dos combustíveis, que, por consequência, reflete diretamente no bolso da população.

“O próprio Bolsonaro, presidente da República, de repente as coisas se encaminham mal para ele e ele pode não ser candidato, dependendo do ambiente que se forma”, comenta.

Na visão do analista político, esse descompasso, aliado a outros fatores que já têm acumulado desgaste ao longo dos anos, faz com que, muito além de candidato A ou B, a política em geral seja rejeitada pela população.

Ele pondera que esse seria um dos motivos pelos quais a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula é intensificada e os pré-candidatos que já se colocam como “terceira via” não têm conseguido viabilizar seus projetos.

“Você vê na terceira via que o Moro está tentando ocupar espaço, e, como é cedo ainda, não consolidou e talvez nem consolide, o Ciro não está conseguindo consolidar, o Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, está tentando também e não está conseguindo… Então, a política brasileira, hoje, está marcada por rejeição e nós não conseguimos ter um desenho de terceira via”, observa.

A análise do jornalista é corroborada com o resultado da pesquisa Ipec (antigo Ibope Pesquisas), divulgada no dia 14 de dezembro, na qual Lula aparecia com 48% das intenções de voto na eleição presidencial de 2022, enquanto Bolsonaro tinha 21%.

Conforme a pesquisa, dos chamados “terceira via”, o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) aparecia com 6% das intenções de voto, ficando em terceiro lugar geral na corrida, seguido de Ciro Gomes (PDT), com 5%. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais opositores do presidente Bolsonaro, ficou com 2% das intenções de voto.

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