CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
Apesar da distância física de mais de 15 mil quilômetros que separam o Brasil e a Rússia, a guerra provocada pelo país de Wladmir Putin contra a Ucrânia pode surtir efeitos negativos no Brasil, inclusive em Mato Grosso, segundo avalia o analista político Alfredo da Mota Menezes.
A tensão, que se arrastava há anos pela possivel entrada da Ucrania na Otan, culminou em ataques russos contra o país vizinho na última quinta-feira (24), e gerou reação em diversas potências, inclusive o Brasil, que condenou as ações russas.
De acordo com o analista, os primeiros impactos do movimento na Europa já devem ser sentidos nos próximos dias, com aumento no preço do petróleo.
“Aumentando o petróleo, o Brasil vai ter aumento no preço dos combustíveis. Esse aumento no combustível coloca um pouco de fogo na questão da inflação. Outra coisa: O dólar estava caindo há uns dias e voltou a crescer. Com dólar mais caro, vamos comprar produtos do exterior mais caro, o que passa para dentro também, afetando o preço para os brasileiros”, aponta.
Outro impacto, especialmente para Mato Grosso, é que quase 20% dos fertilizantes usados pelo agronegócio são importados da Rússia, enquanto alguns grãos, como milho, aveia e trigo são importados da Ucrânia. O conflito, portanto, pode encarecer a aquisição dos produtos.
Para o analista, a questão em torno da produção agropecuária mato-grossense levanta um alerta, mas não deve ser considerada uma grande dificuldade. Isso porque há possibilidade de importação dos produtos por meio de outros países. Já em relação ao petróleo, a situação é mais complexa.
“Não foi bom para o presidente Bolsonaro essa guerra. Ela não é boa para o governo brasileiro, porque influencia no dólar, no combustível, que influencia no frete e todo resto, e, com isso, afeta a inflação e o preço internamente. Por consequência, afeta também a questão da eleição”, acrescenta.
Em relação às eleições, Alfredo da Mota Menezes pontua que o Brasil já vive um momento de tensão pressionado pela alta inflação experimentada em 2021, acima dos 10%. Isso já impacta negativamente a imagem do governo. Assim, um novo aumento de preços não contribui para o “humor” da população, segundo ele.
Doutor em história, o analista ainda comenta as relações comerciais do Brasil com as grandes potências. Para ele, o conflito no leste europeu exige atenção justamente porque já envolveu outros países.
Menezes pondera a possibilidade de países como Estados Unidos e França pressionarem outras nações para um boicote à Rússia, como retaliação à guerra. Isso se daria, segundo ele, por meio de suspensão da comercialização com o país europeu.
“É uma hipótese, porque não vai dar certo o boicote à Rússia se mais países não aderirem. A Rússia sobrevive, economicamente falando. Então, eles devem pressionar outros países, inclusive o Brasil. Fica difícil para o Bolsonaro, economicamente, dizer não, porque esses países podem fazer sanções ao Brasil também”, observa.
Nesse caso, o analista aponta que, para o Brasil, não é interessante ficar contra as grandes potências. Ele avalia que nem mesmo a China, que já declarou apoio à Rússia, deve manter a posição, caso haja pressão.
“Será que a China prefere ficar quase sozinha com a Rússia e enfrentar o mundo inteiro? Ela vende muito para a Europa, para os Estados Unidos, compra muito dos Estados Unidos, do Brasil. Acho que a China vai ser pragmática, não vai romper com o comércio internacional. E para o Brasil, é bem melhor comercializar com esse mundo ocidental do que apenas com a Rússia”, finaliza.
castro indignado 28/02/2022
Alfredo, ouço você todos os dias, mas acredito que seu comentário nesse artigo está bastante fraco, você tem potentcial pra mais aprofundamente na geopolítica mundial. vamos lá? Por exemplo, você citou algumas consequências, mas como ficaria a Europa? Qual a consequência sobre os países Europeus com as medidas econômicas imposta à Rússia? E que consequências teria dentro da própria Rússia? Isso asseguraria aos EUA a sua supremacia ou a decadência já é irreversível? Há risco de grandes destruições caso as coisas se acirrem? Enfim, comente aí Alfredo.
Omar Kalil 27/02/2022
Duvido que alguém faça boicote a Rússia além dos USA, se isso acontecer os USA saíram enfraquecidos nessa história, que não é guerra , é um massacre de um urso contra um pincher, só não será genocídio porque vai sobrar mulheres, crianças, idosos , e soldados também
ciliano dionizio 27/02/2022
esse Arnaldo só entende de ferrovia..... esses dados citados, todo mundo já sabe!
3 comentários